quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Planejamento: uma ação refletida e coletiva

Planejamento: o que sei e o que gostaria de saber
Iniciamos este tema com uma importante tarefa: refletir sobre o planejamento e sua importância para a prática docente, baseada no estudo de concepções e práticas, que expressam formas de concretização das ações norteadoras das tomadas de decisões do professor. Vamos nos debruçar sobre teóricos que subsidiam o ato de planejar, entendendo que não há neutralidade em sua prática cotidiana e que, por trás de qualquer ação, há um referencial que a fundamenta, mesmo que o professor não tenha consciência desse fato.
O conhecimento de bases teóricas e práticas do planejamento podem contribuir para o desenvolvimento de posturas coerentes, consistentes, indispensáveis ao processo de ensino e de aprendizagem que almejamos para o nosso aluno. Esses fundamentos teórico-metodológicos são, portanto, o foco que pretendemos alcançar com o estudo deste primeiro tema. Ou, em outras palavras:

O que representa para o professor e para o aluno criarem processos de planejamento, em que os dois, ao mesmo tempo, são sujeito e objeto das mudanças?
É possível planejar sem ideologias, referenciais teóricos e suas visões de mundo?
É possível projetar o futuro sem o conhecimento do presente?
                   
Iniciando a conversa
O ato de planejar remonta à trajetória histórica da humanidade. É uma ação natural do ser humano visto que, em seu cotidiano, enfrenta situações que os levam a planejar suas ações diante da natureza e da sociedade. Nem sempre o planejamento é um ato formal. Ao acordar, começamos a desenvolver atos de planejamento, na medida em que organizamos as nossas tarefas e compromissos do dia-a-dia.
Por ser o planejamento uma atividade intrinsecamente humana, está ligado ao momento da prévia ideação, quando os indivíduos pensam previamente formas mais eficazes de executar suas ações, a partir de suas experiências.
Na condição de seres humanos, a nossa constituição comporta duas esferas: a biológica e a social. As funções biológicas se referem à funcionalidade orgânica das partes de nosso corpo, bem como à capacidade reprodutora e à atividade cerebral. A dimensão social se fundamenta nas relações sociais, culturais, espirituais, afetivas, entre os indivíduos e o mundo exterior, através de um processo histórico, mediado por idéias, visões de mundo, pensamentos, teorias e experiências.
É pela capacidade reflexiva que o ser humano desenvolve e aprimora sua compreensão sobre a realidade. O planejamento funciona nesse processo como organizador e disciplinador das ações do homem.
As experiências vivenciadas, resultantes das condições objetivas e subjetivas, ao passarem por um processo de reflexão, se desconstroem e se reconstroem. Com isso, a partir do planejamento, estabelecemos as possíveis conexões entre o pensar e o agir, a teoria e a prática, o conhecimento e a intervenção na prática social.
A realidade nos fornece elementos necessários e indispensáveis para pensar uma ação consequente, que imprima uma atitude transformadora. Porém, somos ciente do quanto esta apreensão da realidade é difícil em sua totalidade.
O homem primitivo, mesmo tendo pouco conhecimento da forma como funcionava a natureza e dos próprios condicionamentos sociais, procurava desenvolver formas de superação das barreiras naturais e dos obstáculos que se colocavam em sua existência biológica e social. Nesse estágio inicial, era totalmente responsável pelo seu pensar e pelo seu agir. Não havia separação entre o trabalho manual e intelectual. Através do trabalho, o homem procurava modificar os elementos da natureza, a fim de garantir a sobrevivência e a reprodução social.
À medida que o homem vai intervindo no mundo em que vive, e compreendendo-o, as barreiras naturais são amenizadas e, cada vez mais, a dimensão social (o ser social) vai se desenvolvendo. Mas isso ocorre em meio a conflitos determinantes, tendo em vista a existência de desigualdades econômicas, políticas e sociais.
O ser social sempre pensa sobre o seu fazer, suas pretensões, sonhos e outras necessidades e possibilidades criadas na relação com a natureza e com outros homens. O dia-a-dia do ser humano é um constante aprender, que possibilita pensar e decidir para alcançar seus objetivos. A ação de planejar faz parte de nossa existência humana. Pensamos e planejamos para realizar ações.
Historicamente, a existência de classes sociais distintas na sociedade possibilitou a constituição de uma camada de pessoas que têm tempo livre para pensar e produzir conhecimento, enquanto a grande maioria das pessoas é obrigada a trabalhar para produzir os bens necessários à reprodução e conservação da sociedade. Isso ocorreu na Grécia e na Roma antiga, no sistema feudal e se aprofunda no Capitalismo, forma de organização social baseada na exploração dos trabalhadores pelos proprietários dos meios de produção.
Com o processo de industrialização, ou seja, a substituição da mão-de-obra camponesa e artesanal, sistema feudal pelo assalariado sistema capitalista, ocorre com mais clareza a separação entre o planejar e o executar, na medida em que os trabalhadores são despojados de seus meios de trabalho, passando a dispor apenas de sua força de trabalho para garantir a sobrevivência. Por isso, são obrigados a trabalhar para os capitalistas em troca de um salário, produzindo riquezas que são apropriadas pelos seus empregadores.
Essa ruptura entre o pensar e o agir, entre as funções de comando e de execução, além da profunda especialização do saber, originou a fragmentação do pensamento, imprimindo à sociedade novas formas de pensar e de agir, implicando uma clara distinção entre concepção e concretização, abrindo-se, todas as possibilidades para uma prática de planejamento tecnicista, em que, os técnicos detêm o poder de decisão e controle, enquanto a execução fica com outros.
Mas o planejamento tem avançado em vários setores da sociedade, ao longo do processo histórico. No campo educacional ele vem apresentando diferentes fases, concepções como formas da escola construir e reconstruir o seu processo de planejamento. Essas fases, como veremos logo mais, têm o suporte teórico e direção de cada momento e espaço histórico de sua manifestação no seio da sociedade. Serão abordadas aquelas que mais têm influenciado nossa prática educativa, dando-se destaque para o planejamento na perspectiva crítico-reflexiva e coletiva como opção central do trabalho pedagógico, bem como para a realidade social em que vivemos.
Mesmo não tendo surgido propriamente no âmbito educacional, o planejamento é fundamental para a educação, pois diz respeito à formação humana, ao processo de elaboração, execução e avaliação das ações educativas.
 O ato de planejar é condição básica nas atividades do educador, que requer assimilação teórica dos conteúdos, reflexão da própria experiência, análise do diagnóstico da realidade dos sujeitos envolvidos no processo, e das influências do entorno da instituição escolar.

As bases históricas, políticas e pedagógicas para uma prática de planejamento significativa
Já se faz presente em nossa prática pedagógica à compreensão da importância do planejamento como um instrumento político-pedagógico que possibilita intervenções transformadoras na realidade educacional. No entanto, esse entendimento não é um consenso entre os que fazem a ação educativa, provavelmente por toda uma longa história que o caracterizou como uma ação educativa mecânica e burocrática que pouco contribuía para o sucesso da aprendizagem dos nossos educandos.
Nessa direção, constata-se, no cotidiano de nossa prática que o processo de planejamento tem sido objeto de constantes indagações quanto à sua validade para o trabalho docente, seguindo-se de uma atitude de grande resistência para participar do momento de pensar, refletir a ação educativa e sistematizá-la em planos de curso, projetos de trabalho ou planos de aula.
Seria oportuno questionar porque essa atividade ainda vem sendo cercada de tantas falhas, incongruências, resistências e algumas vezes relegado ao segundo plano em nossas escolas. Sabemos, também, por que e como ela constituiu-se no instrumento capaz de dinamizar e facilitar o trabalho didático em nossos dias.
A busca de informações para essas inquietações nos levou a caracterização desse processo em alguns momentos de nossa história política, social, econômica e educacional, enquanto reflexo do ideário pedagógico subjacente à prática desenvolvida na escola.
Vamos fazer esse passeio em nossa memória?
Vimos anteriormente que a atividade de planejar é tão antiga quanto o homem, organizando e disciplinando sua ação buscando compreender e transformar a realidade. No entanto, a sua sistematização como processo que resulta da ordenação, interpretação e organização de situações específicas, surgiu a partir da emergência da ciência da Administração, no final do séc. XIX, com as contribuições de Taylor (1856-1915) e do francês Fayol (1841-1925), teóricos ligados ao mundo da produção (VASCONCELOS, 2002).
A educação como prática social no seio da sociedade, não ficou à margem desse movimento. Ott (1984) aponta três grandes fases e/ou concepções da história do planejamento: a fase do princípio prático – de regulação das relações com a natureza e com os próprios homens; a fase instrumental, normativa – de construção de grandes quadros de referência com a finalidade de alcançar o desenvolvimento; e a fase do planejamento participativo onde consciência, intencionalidade e participação são os fundamentos mais marcantes.
O planejamento como princípio prático está relacionado à perspectiva tradicional caracterizando-se por sua finalidade explicitamente determinista. Era feito sem grandes preocupações formais, apresentando de modo geral duas categorias de organização: a dos objetivos e das tarefas. Os objetivos eram gerais, difusos, e quase sempre orientavam pouco na organização das tarefas. Com isso, entendia-se que o objetivo estava contido nas tarefas. A preocupação maior do planejamento era com as tarefas, embora, não se pensasse ainda nos passos ou estratégias da aula. Não se delineava o que se devia ensinar ou aprender de maneira delimitada. Importava pensar o conjunto das ações/tarefas. Sua explicitação e escolha eram feitas pelo professor, pois era unicamente ele quem selecionava e organizava a tarefa. Os alunos eram completamente excluídos.
Pode-se até afirmar que esse processo não era bem um planejamento e sim a elaboração de roteiro a ser rigorosamente desenvolvido em qualquer circunstância orientando o trabalho do professor. Neste sentido, existia uma estreita relação entre planejar e fazer acontecer. Os planos de aula eram feitos em fichas ou folhas de papel pelo professor. Era uma espécie de guias didáticos, sem ele o desenvolvimento da aula poderia até não acontecer. Anualmente, repetia-se o mesmo planejamento. As folhas de caderno amarelam com o tempo, pois o planejamento permanece intacto.
Nessa perspectiva de planejamento a ação educativa estava voltada para uma organização curricular centrada em um conjunto de disciplinas compartimentadas e de caráter livresco, cujos conteúdos eram dissociados da realidade do aluno, deixando intocado o modelo social vigente. A “grade” curricular era, assim, inflexível e fechada, consubstanciando um processo de imposição intelectual gerado pela “autoridade do saber”. O professor era centro dessa abordagem de ensino, o “provedor” desse saber, e o aluno, “tabula rasa”, um “consumidor”  passivo desses conhecimentos, apreendidos por mera repetição, de forma superficial. O método adotado, o da transmissão-assimilação, realçava a repetição, a memória como fator preponderante à aprendizagem.
Em meados da década de 30, dentro do contexto da decadência da sociedade tradicional e ao lado da revolução industrial surge o Movimento da Escola Nova. O nascimento da grande indústria transformam muitas cidades em grandes centros urbanos e novas relações sociais se estabelecem, trazendo à tona: o êxodo rural, um novo papel da mulher na sociedade, o crescimento do trabalho infantil e a emergência de um novo princípio educativo, a atividade.
O impacto desse princípio na prática educativa impulsionou à rejeição a aprendizagem mecânica e formal e enfatizou o ensino e a aprendizagem voltada para os interesses e necessidades do aluno, embora, as raízes das desigualdades sociais permanecem sem discussão ou crítica.
Tem início uma polêmica discussão em torno do ensino na perspectiva não diretiva, dando-se destaque para a aprendizagem por meio da atividade pessoal do aluno, pela observação, reflexão, experimentação e mediante a resolução de problemas. Com isso, o educando ganha em autonomia intelectual e emocional, revelando nas situações de ensino-aprendizagem certa dose de iniciativa, curiosidade, criatividade, comunicação e autoconfiança. O centro dessa abordagem de ensino passa a ser o aluno, desempenhando papel ativo, participativo, agente da sua aprendizagem. Ao professor, especialista em relações humanas, cabe o papel de orientador, facilitador, criador de desafios para estimular a investigação do aluno (MARTINS, 2006).
Este movimento faz uma crítica ao plano de aula, previamente estabelecido como um roteiro a ser seguido. O planejamento passa a ser desenvolvido em torno de temas amplos, e ao professor cabia ter uma “visão geral” sobre o assunto a ser trabalhado e os passos a serem seguidos, determinados pelos interesses que surgissem em sala de aula. Pode-se dizer que havia até uma cooperação dos alunos no planejar.
Nos anos 60-70 do séc. XX, a indústria obtém grande expansão sob a liderança dos Estados Unidos. O modelo taylorista-fordista norte americano, baseado no controle extremo do tempo e do movimento das atividades dos trabalhadores, passou a determinar, também, a nova prática educativa, introduzindo a “pedagogia fabril”.
A pedagogia da fábrica transferida para a escola, através do tecnicismo educacional trouxe o planejamento instrumental, normativo, manifestando-se na prática educativa em seus princípios de racionalidade, eficiência e produtividade.
A escola passou a acreditar que com a organização do processo pedagógico, e nele o planejamento do ensino, solucionaria todos os problemas do ensino-aprendizagem, integrando o aluno ao meio social e trazendo produtividade para a educação escolar. Fica evidente, que mais uma vez, a articulação entre os fatores sociais, políticos, econômicos e o ensino não se concretiza devendo, este último, apresentar resultados imediatos para o mercado de trabalho.
O planejamento, agora o instrumental, torna-se uma ação neutra, fundada em aspectos formais e na especificidade de uma variedade de passos, elaborados a partir de uma listagem de verbos pré-determinados. Na orientação dessa prática, a escola através dos seus especialistas (supervisores, coordenadores, orientadores educacionais) valorizava as atividades que promoviam o parcelamento do trabalho pedagógico. Os professores eram obrigados a ocupar parte significativa de seu escasso tempo livre para preencher formulários e mais formulários com objetivos educacionais gerais, objetivos instrucionais operacionalizados, conteúdos programáticos, estratégias de ensino, avaliação de acordo com os objetivos, etc.. O aluno deveria aprender exatamente aquilo que o professor planejara, reforçando a prática do ensino como mera transmissão, ou, no polo oposto, como instrução programada, módulos de ensino e o estudo por intermédio de fichas. Alguns professores ou técnicos se dedicavam exclusivamente a elaborar bons planos e, se sentiam realizados com isto.
Nessa abordagem, o centro do ensino-aprendizagem era o planejamento elaborado por um grupo de especialistas, estabelecendo a cisão entre concepção e execução, quem planeja e quem executa, entre teoria e prática. O professor passa a ser controlador, intermediário entre o planejamento e os alunos, um executor de tarefas. Ele não participa nem da concepção e nem do controle do seu trabalho. Quanto ao aluno, passa a ser um receptor responsivo, que executa tarefas prescritas no planejamento (MARTINS, 2006).
No bojo dessas propostas, em que as palavras de ordem são eficiência, produtividade e custo emergem as ideias acerca do planejamento estratégico.
Qual será o fundamento que justifica a introdução do planejamento estratégico na escola pública? Essa indagação nos remete a um exame criterioso das atuais tendências do planejamento no interior das instituições públicas, em meio às mudanças verificadas no seio do Estado, da economia e das políticas públicas, particularmente na educação.
No âmbito da escola pública, o planejamento estratégico foi e ainda vem sendo incorporado como tentativa de justificar a desobrigação da esfera pública com a educação, transplantando para ali modelos organizacionais postos em prática pelas empresas capitalistas. O discurso do planejamento estratégico se aproxima das tendências atuais na área da economia e das políticas públicas, que se caracterizam pela aplicação, pelos governos, de medidas neoliberais, como tentativa de minimizar as crises vivenciadas pelo sistema capitalista em todo o mundo. O neoliberalismo defende, sobretudo, a desobrigação do Estado em relação às políticas sociais, como educação, saúde, previdência, trabalho etc., visando ao fortalecimento da iniciativa privada.
Para obter aceitação frente à sociedade, que tanto resiste à implantação dessas medidas destrutivas dos serviços essenciais à população, o neoliberalismo, através de seus interlocutores oficiais, procura mesclar a desobrigação do Estado com um discurso de participação, eficiência e qualidade total. A introdução do planejamento estratégico nas escolas públicas, cujas ações são direcionadas pelos seus gestores, se dá a partir da defesa de “novas” formas de gestão, mas acaba reproduzindo a lógica e os interesses do mercado. Um exemplo é a “monumental” propaganda do “amigo da escola” e da prática do voluntariado, cuja real intenção é manter a situação de descaso com a educação e isentar o Estado de suas obrigações com a realização de concurso público e respeito aos direitos sociais.
Na esfera das escolas públicas, o planejamento estratégico aparece sob a forma de parcerias, acordos com organismos internacionais, voluntariado e uma série de outras medidas sob a denominação de metas a alcançar, como missão, descentralização, participação, autonomia, flexibilidade, em sintonia com as tendências atuais de desobrigação do Estado com a educação.
Como nos esclarece VEIGA (2001, p. 48):

Os teóricos do modelo empresarial afirmam que a qualidade deve estar ligada à missão da escola, e que toda a escola deve ter a missão de fazer com que o produto educativo dele decorrente tenha qualidade total. E que esta, para se viabilizar, precisa contar com a participação de todos no desenvolvimento da ação, lançando mão inclusive do mecanismo de cooptação para a realização de parceria.

A autora continua sua análise acrescentando que esta prática de planejamento privilegia a sofisticação técnica dos instrumentos diversificados utilizados e construídos pelos órgãos centrais da educação; à separação entre os que pensam (dirigentes e especialistas) e os que executam (os professores) a ação educativa; e a manutenção do status quo. Logo, valoriza o burocrático, o técnico, sem nenhuma reflexão consequente a cerca das possibilidades de transformar as concepções de sociedade, escola e homem vigentes.
Este modelo tático inicialmente se relacionou a empresas privadas. Atualmente está sendo adotado em instituições públicas. As escolas não ficaram fora do movimento. As particulares adotam e justificam esse modelo, vez que são verdadeiras empresas educacionais, onde o ensino é tratado como uma mercadoria a ser vendida por determinada quantia, e os alunos, os clientes. Portanto, é a expressão máxima da mercantilização do ensino, sendo inteiramente oportuna a introdução do planejamento estratégico, tendo em vista que responde às necessidades atuais do capital, na área educacional.  
No final da década de 70, concomitante ao ideário da concepção de planejamento tecnicista, tem início uma séria de críticas a grande valorização dada à dimensão técnicas de ensino em detrimento às dimensões política e humana do ato educativo. Configura-se um importante momento histórico marcado pela abertura política do regime militar instalado em 1964 e pelo acirramento das lutas de classe no país.
Desse modo, ganham corpo nos anos 80, no âmbito educacional, as discussões acerca das questões educacionais no que diz respeito à forma de ensinar, de planejar, da interação entre professor e aluno, compromisso político com as “camadas populares”, transformação social, unidade teoria e prática. Aprender passa a ser concebido como um ato de conhecer a realidade pelo processo de compreensão, reflexão, crítica, nela intervindo. O aluno passa a ter direito à voz e a apropriação do saber científico e universal. O domínio dos conteúdos passa a ser indissociáveis do contexto social do aluno e o caminho que possibilitará a grande maioria da população participar efetivamente nas lutas sociais por melhores condições de vida. Com isso, as preocupações no decorrer do processo do planejamento deslocam-se fundamentalmente para as formas de apropriação crítica e ativa dos saberes, as quais deverão ser pautadas no levantamento e confronto entre a experiência social de alunos e professores e os conhecimentos a serem trabalhados, na problematização, na análise e na síntese das aprendizagens realizadas.  Este saber-fazer, antes nas mãos dos “especialistas”, precisa ser exercitado pelo coletivo da escola, em especial na sala de aula, pelos educadores e educandos, passando-se a valorizar a construção, a participação, o diálogo, o poder coletivo local, a formação da consciência.
 É neste contexto que o planejamento participativo escolar é considerado uma ferramenta vitalizante e geradora de mudanças no processo pedagógico e político do ato de ensinar. Com ele pretende-se superar os modelos tecnicistas, que isolam as práticas docentes de um contexto mais amplo, por realçar com maior intensidade a participação democrática dos sujeitos envolvidos no processo educacional e defesa das decisões coletivas.
Instiga a intervenção pedagógica no contexto escolar na perspectiva de transformação, de questionamento das bases conservadoras do planejamento e na inversão das relações estabelecidas. Nesse sentido, o planejamento participativo prima pelas relações horizontais e opõe-se à forma autocrática e dominadora exercida por modelos conservadores.
Sendo a democracia participativa uma necessidade histórica, na qual a participação, seja individual ou coletiva, aponta para uma intervenção ativa no processo de tomada de decisões, ancoramo-nos nas idéias de Gandin (1988:80), para reforçar o ideário de democracia participativa.

No interior da escola, a participação se coloca hoje, e como em mais do que toda sociedade, desejada, sinal dos tempos. A grande tendência é a democracia representativa em que o elemento fundamental é o voto: busca-se a democracia participativa em que o poder esteja realmente distribuído e em que a representatividade nasça dos grupos e se realize como uma tarefa que qualquer um exercerá dentro do grupo, na medida em que for necessário.



Planejar de forma participativa é apostar numa prática intencionada combinando experiência, reflexão, partindo da diversidade para chegar à unidade, ao respeito pelo outro, às suas diferenças, aos “mundos” em que professores e alunos se constroem e se reconhecem como sujeitos.
Entretanto, precisamos ficar atentos aos discursos de participação para não reduzi-lo ao palavreado vazio sem efetivação nas relações estabelecidas no interior da escola. Esse discurso pode se tornar muito perigoso, pois pode ser utilizado com o objetivo de mascarar a realidade, limitando a participação somente ao que foi expresso em documentos e registros, sem que os sujeitos do processo educacional tenham reais condições de mudar as coisas.
O processo de planejamento participativo é definido como uma atividade caracterizada pela inserção de todos os membros da comunidade escolar, num processo global, para solução de problemas comuns.
Essa perspectiva de planejamento de ensino exige uma postura dialógica, e, sobretudo, de consciência crítica da realidade. E que a ação de planejar implica na necessidade de se priorizar a busca da unidade entre teoria e prática; partir da realidade concreta e estar voltado para atingir as finalidades da educação básica definidas no projeto coletivo da escola, no reconhecimento da dimensão social, política, histórica e humana do trabalho docente.
Desse modo, ultrapassa o caráter instrumental meramente técnico, e adquire a condição de conferir materialidade às ações politicamente definidas pelos sujeitos da escola. É uma ação comprometida, pensada, intencional.
É preciso iniciar as pessoas em novas vivências, experiências da vida social, em metodologias participativas, estimulando relações solidárias, participando intensamente do planejamento em todos os momentos e aspectos decisórios.
Fica assim claro que esta abordagem de ensino rompe com o planejamento como princípio
prático e o instrumental, normativo das duas concepções anteriores, deslocando-se para a práxis social, e a questão central está na relação dialética da compreensão-transformação.
Trilhado o percurso do processo de planejamento no decorrer da história educacional brasileira, revisitada nossa prática educativa a partir de uma atitude crítico-reflexiva do nosso jeito de fazer o ato de planejar à luz dessa caminhada, e sabendo-se que tais práticas podem conviver na mesma realidade, no mesmo sujeito, poderemos nos questionar: E aí, qual concepção adotar? 
                                                    

PLANEJAMENTO NORMATIVO
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO


ANÁLISE DAS CARACTERISTICAS

PLANEJAMENTO PRÁTICO
PLANEJAMENTO INSTRUMENTAL
NORMATIVO
PARTICIPATIVO

Início da Indústria Década de 1950
Industrialização – Déc: 1960 e 1970.
Denuncias e anúncios na prática educativa Década de 1980
Fatores de contexto:
·  Mundo dicotômico
Fatores de contexto:
·    Processo interativo

Planejamento circunstancial:
·       Objetivos gerais
·       Tarefas
A educação – fator desenvolvimento Concepção behaviorista
Planejamento em transformação – a aprendizagem se dá na ação

Âmbito do professor e das hierarquias superiores.
O planejamento: organizador do ensino – sucesso do aluno
Novas experiências de ensino - concepções libertadoras e emancipadoras.
Pressupostos
·  Imutabilidade da realidade captada pela objetividade e racionalidade.
Pressupostos
·    A realidade é vista como processo dialético.

Exclusão dos alunos no processo.
Professor - detentor de conhecimentos e valores
Abrem-se espaços para análise e reflexão na ação educativa.
Não se delineava caminhos - A experiência era o que importava.
Orientações humanistas baseada em colocações behavioristas
Professor mediador da prática educativa
Bases científicas
·  Conhecimento é constatação, é certeza.
·       Ênfase Conceitual
·       Busca-se eficiência e eficácia
Bases científicas
·    Conhecimento é construído, trabalha-se com a incerteza
·    Ênfase Conceitual
·    A ênfase no desenvolvimento da consciência.

Experiências de ensino não diretivo:
·       Definição de temas gerais.
·       Orientações dependiam dos interesses do grupo.
Objetivos operacionalizáveis e verificáveis
Conteúdos definidos em suas relações de:
·        Complexidade
·        Pré-requisitos
·        Dependência
O planejamento parte do caminhar do grupo:
·       Não há solução antecipada;
·       O processo é construído;
·       Baseia-se no saber e experiências do grupo.


Quadro: Fases, tipos, concepções de planejamento.

Não temos nenhuma dúvida ao afirmamos que a ação educativa está a exigir uma prática de planejamento na perspectiva participativa, logo, crítica, coletiva, contextualizada e significativa. Nesse sentido, os tópicos que se seguem, neste tema, estarão voltados para uma melhor caracterização desse processo.



Conceitos de planejamento numa perspectiva participativa
Há uma gama de conceitos sobre o planejamento. Dentre eles destacamos algumas formuladas por estudiosos da área:

O planejamento é um processo de conhecimento e análise da realidade escolar em suas condições concretas de busca de alternativas para a solução de problemas e de tomada de decisões (LIBÂNEO, 1992).

Planejar é tentar intervir no vir-a-ser, antever, amarrar ao nosso desejo os acontecimentos no tempo futuro. Para isto, é preciso conhecer o campo que se quer intervir, sua estrutura e seu funcionamento.  (Vasconcelos 1989).

Planejamento é uma práxis determinada considerada em suas ligações com o real, na definição concretizada de seus objetivos, na especificação de suas realizações. É a intenção de uma transformação do real, guiada por uma representação do sentido desta transformação, levando em consideração as condições reais e animando uma atividade (CASTORÍADES, 1995:97).

Planejar não é um processo estático, mais dinâmico, em que podem ser redefinidos os objetivos, reorganizados os meios e recursos, modificadas as estratégias de ação, mas isto só quando são observadas e constatadas certas  incongruências na sua estrutura. (Menegolla 2002) 

Planejamento participativo [...] forma de trabalho comunitário que se caracteriza pela integração de todos os setores da atividade humana, numa ação globalizante, com vista à solução de problemas comuns. Essa forma de ação implica numa convivência de pessoas que discutem, decidem, executam e avaliam atividades propostas coletivamente. A partir dessa convivência, o processo educativo passa a desenvolver mais facilmente seu papel transformador, pois, à medida que discutem, as pessoas refletem, questionam, conscientizam-se de problemas coletivos e decidem-se por se engajar na luta pela melhoria de suas condições de vida. (LOPES, 1996, p.45)

Como vemos, o planejamento principia com a explicitação da compreensão da realidade e da proposição de intenções com relação a ela, efetivada a partir do exercício coletivo, comungando a multiculturalidade presente na escola e sala de aula, na busca de propostas aceitas ou admitidas, debatidas e de interferências transformadoras da realidade. Inicia-se bem antes do encontro com o aluno. É, como se costuma dizer, arrumar a casa para receber os convidados.
A análise dos conceitos supracitados nos faz inferir, ainda, que o ato de planejar é uma atividade processual, dinâmica que contribui para mediar, pensar, refletir e agir.  Projeta, organiza, contextualiza e sistematiza a prática educativa, interligando teoria e prática. É uma atividade viva, contínua, estando permanentemente marcado pela avaliação e reflexão, de modo a revisar o que fazemos e o que precisamos fazer para atingir os objetivos propostos. Por tudo isso é um ato decisório, portanto, político, pois exige escolhas teóricas e metodológicas (FARIAS, 2008).
Planejar nessas dimensões é acreditar em reais possibilidades de construção de uma prática participativa consequente, superando a mera formalidade de realizar o planejamento em atendimento às exigências da escola. Também não podemos, em nenhuma hipótese, cair no reducionismo de restringir o ato de planejar a simples elaboração de planos de trabalho ou projetos.
Muitas vezes ele vem carregado de angústias, dúvidas, ousadias e inquietações. Mesmo assim, é um processo indispensável à construção do conhecimento e tem por finalidade principal facilitar e orientar o trabalho dos profissionais da escola e, em especial, do professor em sala de aula, cuja gestão é recheada de imprevistos e de situações complexas que se apresentam permanentemente.  Por isso, planejar e agir podem extrapolar as previsões feitas pelo professor, numa demonstração de que o planejamento não é rígido, individual e imutável, mas flexível, coletivo e dinâmico, devendo ser revisto a qualquer momento do processo educativo. O professor tem a responsabilidade de coordenar o desenvolvimento de seu trabalho e necessita compreender com clareza cada um de seus momentos (diagnosticar, planejar, executar, avaliar e replanejar), para exercer seu oficio de forma competente, sem separá-las, como propõe a concepção instrumental/normativa.
As formulações dos estudiosos citados nos advertem para a importância do planejamento na nossa prática docente, a qual podemos explicitá-la melhor a partir do questionamento:  planejar para quê?



Prever ações

Assegurar organização na sala de aula

Evitar rotina e improvisação inconsequente no fazer da sala de aula


Vincular os conteúdos com a realidade do aluno


Garantir ao docente mais segurança em sua prática .
 











O professor, ao educar, reflete sobre seu caminhar. Entretanto, é necessário superar a prática fragmentária do planejamento, na qual se separa o ato de planejar do fazer e da avaliar.

Momentos do planejamento de ensino numa perspectiva participativa
Diferentemente de uma visão fragmentada de planejamento, os momentos diagnosticar, planejar, executar, avaliar e (re)planejar fazem parte de um processo dinâmico e contínuo, em que cada um deles descritos é analisados pelo mesmo movimento dialético que constitui o seu processo.
Esse processo revela que planejar, executar e avaliar estão intrinsecamente relacionados, contribuindo, portanto, para reduzir a distância entre o pensado e o realizado. Nessa perspectiva, podemos afirmar que o planejamento comporta o diagnosticar, o executar, o avaliar e o (re)planejar, ou seja, cada ação proposta deve estar sujeita aos cinco momentos do processo, na busca de sempre adequá-lo às necessidades educacionais, aos interesses e às motivações dos seus usuários.
A ação educativa se configura, assim, como uma experiência processual, aberta e criadora, carregando também um quantum de imprevisibilidade, que precisa ser gestada pelo docente no contexto escolar e em sala de aula.
A análise do projeto político-pedagógico fruto da organização coletiva do trabalho escolar, a reflexão acerca de planos anteriores, avaliando os possíveis acertos e erros do trabalho desenvolvido, o estudo de alguns livros didáticos e o levantamento do conhecimento dos educandos com quem vamos trabalhar são ações característica do diagnóstico da realidade sobre a qual iremos intervir que se colocam contrárias à ideia de um planejamento rígido, imutável e usado como camisa de força na ação docente, engessando a realidade e que, por sua vez, reforçam a ideia de dinamicidade e de movimento constante na prática do planejamento.
A prática pedagógica e dentro dela o ato de planejar é uma teia de relações sociais em que os sujeitos interagem no processo de aprendizagem, sinalizados por momentos inusitados que fogem muitas das vezes das intenções inicialmente pensadas para o momento do planejamento, fundamentando-se assim a necessidade do diagnostico.
Com base nos dados levantados no diagnóstico vamos para o planejamento, momento propriamente dito da explicitação de sua estruturação nos elementos constitutivos do processo de ensino: os objetivos educacionais que pretendemos alcançar; os conteúdos de ensino a serem trabalhados; a metodologia a ser vivenciada; os recursos de ensino necessários às ações definidas; e a avaliação da aprendizagem pensada.
E o professor em sua função de mediar às ações organizadas para serem agora executadas, esta sujeito a enfrentar situações inusitadas no âmbito de sua sala de aula, espaço por excelência de sua prática pedagógica. Nesse contexto, então, o professor precisa exercer sua criatividade e outras habilidades para conduzir o processo de ensino-aprendizagem com flexibilidade e em consonância com as reais situações instituídas pelo ambiente escolar.
Após a execução chegamos ao momento da avaliação do planejado, enquanto uma retomada do planejamento em seu todo, uma vez que o processo de avaliação vem perpassando o ato de planejar desde o diagnóstico, passando pela execução, por ocasião do enfrentamento das situações não previstas, culminando com este instante de análise das condições de seu desenvolvimento, dos resultados da aprendizagem dos alunos e do desempenho do professor. Ações que nos remeterão ao replanejamento, momento de reflexão da prática educativa desenvolvida, para refazer as experiências passadas à luz das novas teorias e ideias do presente.
Não podemos cair no modismo de incorporar tendências, teorias que não conhecemos com profundidade em nossa prática pedagógica, só para satisfazer o ego de quem às elaboram ou de quem as adota como modelo.
Refletir sobre a ação planejada é rever o momento de aproximação ou distanciamento entre as intenções e as realizações presentes na seara do agir pedagógico no contexto da sala de aula. A reflexão na e sobre a ação se constitui um momento de autocrítica, permitindo ao professor desfazer, refazer e ampliar sua possibilidade de realização, desenvolvendo o movimento dialético na ação pedagógica.
Não é demais recomendar que a cada momento do processo de ensino-aprendizagem convém que o professor realize registros sobre novos conhecimentos e novas experiências, no plano de ensino. Deve também criar e recriar sua prática didática, mediada pela consciência crítico-reflexiva. Isso enriquece seu agir profissional e faz adquirir maior segurança em sua atuação docente.
Essas práticas estimulam o exercício da reflexão, para o professor reorganizar as atividades de sala de aula.
Toda ação ocorrida no contexto da sala de aula vincula-se à totalidade das relações sociais em que a prática pedagógica se insere. Portanto, o planejamento é um ato político que provoca atitudes pedagógicas, técnicas, políticas e humanas. É a objetivação do agir do professor, baseado em suas concepções sobre educação, aprendizagem, planejamento e tudo que envolve o processo de gestão de aula. É necessário avaliar, repensar a prática pedagógica, possibilitando assim uma tomada de consciência entre o que se pensa, que pode estar circunscrito no planejamento ou não, e o que se faz.
Fica, assim claro, que na ação de planejar o professor deve compreender a realidade como algo em constante movimento, não podendo o seu planejamento se impor diante do dinamismo da mesma, sob pena de engessar a história que se desenrola no interior das salas de aulas, fundada nas relações sociais e no processo de interação entre seus sujeitos.
Desse modo, um olhar, um pensar e um fazer diferentes na ação de planejar devem apontar para uma organização do trabalho educativo que comporte novas práticas político-pedagógicas com a intervenção crítica do sujeito na realidade, dotando-o de uma formação sólida, crítica, produtora de saberes e habilidades.
É nesse sentido que julgamos oportuno refletir as sábias palavras de Martin Luther King:

É melhor tentar e falhar
Do que se preocupar e ver a vida passar
É melhor tentar, ainda que em vão,
Do que sentar-se fazendo nada até o final
Eu prefiro na chuva caminhar
E em dias tristes em casa me esconder
Prefiro ser feliz, embora louco,
Que em conformidade viver

É, professor, esses versos nos convidam a ousar, fazer diferente, não ter medo de ariscar.  Você, com certeza, concordam com a visão do autor, um exemplo vivo dessa ousadia, que não se conformou com o determinismo histórico, pelo contrário, não só fez, mas marcou a História.  
O professor, como protagonista deste ato, necessita ter em mente os saberes necessários para alicerçar sua prática docente. É, portanto, indispensável ao professor ter clareza dos conteúdos, objetivos, fins, valores, procedimentos metodológicos e avaliativos, fundamentos históricos, filosóficos, psicológicos e sociológicos da prática educativa que vai desenvolver junto aos seus alunos. Além desses elementos essenciais do ato do planejar, o professor deve se apropriar do projeto político-pedagógico da instituição escolar em que trabalha tendo em vista a apreensão do concreto. Daí a importância de iniciar o período letivo com um diagnóstico, momento por excelência em que professor e alunos se debruçam sobre a real situação em relação a tudo que envolve o processo de aprendizagem, para sobre esse diagnóstico assentar os elementos do planejamento anteriormente explicitados e só então estabelecer os acordos de convivência grupal, feitos no primeiro encontro entre o docente e os discentes.
Neste sentido, é recomendável refletir sobre o pensamento do grande mestre Paulo Freire:

 “O educador é como um maestro que rege uma orquestra. Da coordenação sintonizada com cada diferente instrumento, ele rege a música de todos. O maestro sabe e conhece o conteúdo das partituras de cada instrumento, e o que cada um pode oferecer. A sintonia do maestro com cada um e com todos é o que possibilita a execução da peça pedagógica. Essa é a arte de reger as diferenças, socializando os saberes individuais na construção do conhecimento generalizável e para a construção do processo democrático”.

O planejamento, como vimos, é uma ação presente na vida do ser humano e também um instrumento importante para o professor, por lhe oferecer pistas para melhor organizar a gestão de sala de aula. Vale a pena enfrentar o desafio da sala de aula com um bom planejamento.
O que isso significa?
Todo planejamento, quando bem estruturado além de primar pela participação dos sujeitos envolvidos, no sentido de potencializar o processo dialógico, problematizador, através de opiniões e representações acerca da temática em foco, deve também apresentar algumas características fundamentais para que tenha força material para sua objetivação no contexto.

Características desejáveis para um bom planejamento


Coerência

Criatividade

Flexibilidade


Característicasdo
Planejamento

Exequibilidade

Participação

Objetividade
 













1.   Objetividade – O planejamento deve ser sucinto, claro e compreensível. Apresentar as pretensões com poucas palavras e com palavras adequadas.
2.   Criatividade – habilidade indispensável na ação de planejar, pois realça o potencial dos seus planejadores, professores e alunos, dinamizarem a realidade em que a prática docente se fará presente.
3.   Coerência – A expressão formal do planejamento participativo precisa revelar uma relação de cooperação mútua entre os elementos constitutivos do plano: objetivos, conteúdos, metodologia, recursos, tempo e avaliação. É imprescindível a unidade entre esses elementos. Podemos afirmar a importância das atividades selecionadas em função dos objetivos, conteúdos e recursos, destes com o tempo suficiente à concretização do previsto e sua avaliação, e ainda com a finalidade de reorganizar a prática pedagógica reflexiva.
4.   Flexibilidade – A função do planejamento participativo é a orientação do trabalho a ser realizado. Porém o seu desenvolvimento deve comportar flexibilidade e possíveis intervenções que o professor e os alunos necessitem realizar a partir das circunstâncias fora do previsto, que se lhes apresentem, contemplando sempre, em primeiro lugar, a realidade dos alunos.
5.   Participação – Uma característica importante para assegurar a efetivação do planejamento participativo é superar a dicotomia entre quem pensa e quem faz. A participação de todos com seus saberes, experiências, propostas, com sua consciência crítica, com sua adesão e ação é indispensável e facilita o compromisso e a responsabilidade da construção de um processo que se pretende proveitoso para todos e transformador da realidade.
6.   Exequibilidade – Um planejamento fácil de ser cumprido. Um plano exequível é aquele que é possível de ser realizado, por ser, adequado à realidade da escola, dos professores, dos alunos, compatível com as condições e materiais didáticos.

A construção do trabalho coletivo na ação de planejar
O trabalho coletivo na perspectiva do planejamento participativo, à primeira vista comporta inúmeras compreensões como: planejar atividades em conjunto; trabalhar diversas disciplinas em um dado projeto de trabalho. Nossas ideias vão se ampliando a partir de estudos realizados e de atividades assumidas no contexto em que estamos inseridos. O trabalho coletivo considera uma multiplicidade de relações tecidas pelos que fazem a escola – diretores, coordenadores, professores, funcionários, alunos, conselho escolar, representantes da comunidade - e pelas determinações, cujo alcance vão para além de seus muros, vinculadas ao seu papel social, como por exemplo: assegurar o acesso, permanência e progressão do aluno na escola, e a melhoria da qualidade do ensino.
Como vemos, esse trabalho supõe mais que a existência de profissionais fazendo suas atividades lado a lado. Exige a interação, o compartilhar, o respeito, a habilidade de lidar com o outro em suas múltiplas dimensões, enfim, pressupõe a definição, por esses educadores de pontos de partida e de chegada, comuns no fazer escolar.
Desta forma, construir um trabalho coletivo coerente, articulado na escola é tarefa ousada, que implica persistência, empenho e crença naquilo que se quer realizar.
Daí, falar-se em construção do trabalho coletivo, porque não se trata de algo dado, mas conquistado a médio e a longo prazos, com a disponibilidade de cada uma das pessoas envolvidas no cotidiano escolar.
Não é difícil inferirmos, a partir dos estudos empreendidos até aqui, que essa conquista é resultado de um processo de planejamento mais amplo, cujo fruto é a elaboração da Proposta Política Pedagógica da Escola.
É o coletivo que opera a mudança e implementa as diretrizes educacionais. O planejamento em educação faz sentido quando elaborado com a participação de todos, coletivamente, em meio ao contexto social em que ele se encontra inserido, constituindo-se o instrumento privilegiado da sistematização das ações a serem realizadas na ação educativa.
O coletivo da escola, nesses momentos, lida com vários desafios fundamentais, na medida em que discute, reflete, debate sobre alguns dos elementos curriculares básicos: educador, aluno, escola, materiais didático, condições de trabalho, sociedade, objetivos, conteúdos, métodos de ensino e avaliação, dentre outros. 
 Por ser heterogêneo, o coletivo é passível de apresentar divergências, conflitos, característica natural de um grupo. Sabemos que a prática dos, a nossa própria prática, está marcada por elementos das diferentes tendências da educação. Portanto, não é fácil trabalhar coletivamente, mas precisamos aprender.
Vejamos o que o poema abaixo versa sobre a ação coletiva.

Um galo sozinho não tece uma manhã:
Ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito com ele
E o lance a outro; e de outros galos
Que apanhe um grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo
para que amanhã desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos.
E se erguendo tenda, onde entre todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
          Poema de João Cabral de Melo Neto

Pense nesse poema como um elemento impulsionador na construção de um amanhã diferente, edificado pelo trabalho coletivo. O planejamento participativo não pode ser utilizado para mascarar uma realidade ou impor soluções contrárias aos interesses do coletivo. O planejamento precisa ser elaborado por aqueles que irão de fato concretizá-lo, para não legitimar a dicotomia entre o pensar e o fazer.
Isso significa dizer que o planejamento participativo é considerado um instrumento social, pedagógico e político, recebe influência das determinações sociais, histórias de vidas dos sujeitos envolvidos e, sobretudo, de sua elaboração contextual, não sendo, portanto, um elemento inocente, neutro de propostas desinteressadas.
 O planejamento participativo está implicado em relações de poder, pois transmite visões particulares, interessadas, vinculadas a formas específicas de organizar e gestar o processo de sala de aula.
Os problemas emergentes da sociedade penetram no interior da escola, e o professor deve protagonizar e mediar, também, questões atuais, como a fome, a miséria, a violência, a desigualdade social e outros problemas.
Grandes são os desafios impostos à realização do planejamento participativo, que contemple as várias disciplinas inclusas no mapa curricular, na perspectiva de totalidade.
 Nesse sentido é importante a clareza com relação a algumas das dificuldades que enfrentamos na realização do trabalho coletivo na escola:
·      A questão do individualismo, presente não só na escola, mas na sociedade como um todo.
·      A formação fragmentada dos nossos profissionais da educação nos próprios cursos de educação inicial e continuada.
·      Desprendimento de práticas, valores, crenças e hábitos tidos como verdadeiros, evidentes ou impossíveis de serem modificadas.
·      Confiança que permite a coragem de expressar os próprios desejos, as próprias dúvidas e os próprios medos.    
·      Falta de compromisso, respeito, espírito de cooperação e ousadia.
·      A desarticulação das orientações e acompanhamento dos órgãos responsáveis pelas diretrizes gerais do ensino.
·      A falta de clareza dos educadores da situação de sua escola: problemas, causas desses problemas e contexto no qual se manifestam.
·      A pequena carga horária, em alguns casos, inexistência, de momentos para um trabalho de articulação dos educadores da escola, com o exercício da troca de experiência.
·      A falta de tempo e espaço para a necessária reflexão e discussão da própria prática.
·      A estrutura da carreira, a jornada de trabalho, a estrutura e gestão escolar.
·      A valorização das tentativas de construção de experiências coletivas.
·      A falta de vivência de uma construção metodológica que propicie a todos a atuação como protagonista, sujeito ativo no processo de identificação, análise e reflexão dos problemas e elaboração de propostas para a sua superação.
Considerando sua prática educativa, que outras dificuldades você enfrenta na concretização de um planejamento participativo, coletivo?
Embora não seja fácil, num país em que não se tem clareza política, econômica e, consequentemente, educacional, esse argumento não deve ser motivo para a escola deixar de desenvolver um trabalho educativo em que o planejamento, na perspectiva participativa, é sem dúvida a “pedra de toque”.
A força motriz do professor reside em seu exemplo, coerência entre suas concepções e sua prática, desenvolvendo suas habilidades humanas e o compromisso com o coletivo.

Referências Bibliográficas
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VEIGA, Ilma Passos (org). As dimensões do projeto político pedagógico: novos desafios para a escola. Campinas: Papirus, 2001.





3 comentários:

  1. 1- O planejamento retoma a ação histórica da humanidade, e nesse sentido passou por algumas fases distintas. Cite quais foram essas três grandes fases e faça um breve comentário sobre cada uma.
    A fase do princípio prático; A fase instrumental, normativa; A fase do planejamento participativo.
    A fase do princípio prático é a fase da relação da natureza e com os próprios homens, ou seja, o planejamento é manter atividades de sobrevivência e suas tarefas são organizadas no dia-a-dia. E conforme vai descobrindo o novo e novas experiências o seu processo e capacidade de se estabelecer no mundo. E o professor tem a capacidade de elaborar o roteiro de trabalho, sempre mantendo uma estreita relação entre o planejar e fazer acontecer.
    A fase do instrumental, normativa. É quando a relação homem e sociedade, ou seja, o interesse na prática educativa é os princípios da racionalidade, eficiência e produtividade. O processo de ensino aprendizagem era só integrar os alunos ao meio social e tinham que ser produtivo e era voltado ao mercado de trabalho. O planejamento e a prática do professor era meramente acolher as ordens dos superiores e tinham o planejamento operalizados, pragmáticos e os alunos deveriam aprender exatamente o que o professor planejava e era o ensino de transmissão.
    A fase do planejamento participativo. Segundo o texto, essa fase vai de fronte ao planejamento tecnicista e isso faz com que, o caminho que possibilitará a grande população participar nas lutas sociais por melhores condições de vida. O planejamento deve ser realizado pela comunidade escolar, sociedade, colaboradores. Para que este saber fazer, possa ser trabalhado em sala de aula pelos educadores e educandos, pensando a valorização e construção, participação, o diálogo, o poder coletivo local, a formação de consciência. Essa fase é considerado uma ferramenta vitalizante e geradora de mudanças no processo pedagógico e Político do ato de ensinar. Com a pretensão de superar o modelo tecnicista e que a prática da docência saia do contexto mais amplo e também, que seja com maior intensidade a participação democrática dos sujeitos envolvidos no processo educacional e em defesa das decisões coletivas.
    Portanto, as fases de organizações do planejamento do homem em relação a organização social e processos de ensino aprendizagem. São muitos complexos, pois essa leitura do texto mostrou o quanto ainda estamos presos nesses processos de construção para melhorar nossa vida. O planejamento é muito importante para as atividades de todos dêem certo. Mas esse planejamento deve ser realizado democraticamente. Nossa realidade educacional está sendo planejada por uma minoria que quer sobrepor a grande massa populacional. Onde definem o futuro dos professores, das escolas, o que ensinar, que mercado está precisando de mão de obra e impõe para as escola essa responsabilidade de formar seres humanos capacitados para algo específico. As fases deixaram bem claro que por mais que se tente uma mudança, deve ser realizada com muitas lutas. A nossa política e os representantes não nos representam e isso fica bem claro nos desmando na educação. O nosso futuro está comprometido, pois a educação e os processos de ensino aprendizagem deveria ser democrático e não como está sendo praticado hoje. Será se vamos romper essas amarras do nosso processo de ensino aprendizagem? Será que a educação muda o mundo?

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  2. Vale lembrar que, em diversas pautas e planejamento estão aquelas que são de extrema relevância para um ótimo andamento e ter bons resultados, a definição é essencial para que tudo siga de maneira adequada do plano de ação entre outros quesitos que são de extrema importância para o bom andamento de um bom planejamento.
    Para um bom planejamento é preciso já da inicio ao processo antes a partir do instante onde a equipe de profissionais já encontra a necessidade.
    O plano de aula funciona basicamente como o sentindo do que se vai levar para a sala, essa parte é integrante de um curso ou de uma serie, por sua vez trás junto a proposta pedagógica da escola ou seja a aula não poderá ser um evento isolado, o projeto materializam-se dia a pós dia em cada nova aula. A sala de aula é um lugar físico onde todos os conteúdos programados serão ensinados a turma, mas não que dizer que a sala precisa ser em quatro paredes, as aulas podem acontecer em qualquer lugar como em lugares internos e externos da escola, o professor pode incluir no seu planejamento atividades a serem feitas em casa no horário oposto a ao que os alunos estudam. Cada aula tem que ser minunciosamente planejada, ministrada e avaliada e revista para ser revisada em um futuro planejamento, porque sem isso o professor poderá chegar ao final de todos os bimestres sem um acompanhamento do seu plano de aula e sem condições de fazer a recuperação dos seus alunos que não tiverem condições de acompanhar o seu programa de aulas.

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  3. 1- O planejamento retoma a ação histórica da humanidade, e nesse sentido passou por algumas fases distintas. Cite quais foram essas três grandes fases e faça um breve comentário sobre cada uma.

    A fase do princípio prático se caracteriza em um planejamento voltado para e execução de tarefas, nessa fase o professor era visto como o centro do processo de ensino e o aluno apenas um mero depósito desses conhecimentos, além do mais o planejamento se distanciava da realidade do aluno.

    Fase instrumental normativa se deu a partir do tecnicismo educacional, portanto o planejamento era voltado para a execução de resolução de problemas, preparando o indivíduo para o mercado de trabalho e sua inserção no meio social.

    Planejamento participativo veio para transformar o planejamento que anteriormente era voltado para o modelo educacional tecnicista, dessa forma o planejamento participativo une todos os campos, desde que comunidade escolar ao aluno, levando também em consideração o meio no qual o aluno está inserido, para que se tenha um planejamento eficaz.

    A partir dessas três grandes fases planejamento, podemos perceber que o planejamento era centralizado, ou seja realizado apenas pelo professor com o intuito de executar as tarefas que eram elaboradas pelo mesmo, logo em seguida em um segundo momento o planejamento continua sendo centralizado, só que com objetivo diferente do princípio prático, pois o planejamento se resumia a resolução de problemas para a qualificação do indivíduo para o mercado de trabalho, nessa duas fases o planejamento não era de fato tão eficaz, pois não levava em consideração os demais fatores que tornam o processo de ensino e aprendizagem eficaz, somente com a chegada do planejamento participativo que leva em consideração a comunidade escolar, o aluno, o meio no qual o aluno está inserido e outros fatores, é que o planejamento se torna participativo e eficaz, pois não centraliza o planejamento nas mãos de um único indivíduo.

    2. De acordo com o texto “Plano de aula: construção e gestão de conhecimentos”, de Maria de Jesus Oliveira e Maria Marina Dias Cavalcante, é indispensável ter clareza nos conteúdos que serão desenvolvidos em sala. Levando em conta os elementos construtivos do plano de aula e a leitura desse texto, quais os métodos que você utilizaria no seu primeiro dia em sala como professor?

    Levando em conta que a metodologia utilizada é o caminho para se chegar a um determinado fim, inicialmente buscaria propôr uma dinâmica a fim de conhecer um pouco dos meus alunos, em seguida utilizaria um vídeo, uma música ou um poema, para a partir dele levantar uma temática e pediria que a partir dos conhecimentos que meus alunos já trazem consigo, com o que viram em sala e a partir dos colegas, se expressarem de alguma forma sobre a temática, seja com música, poema, dramatização, cartazes, uma opinião, a forma a qual se sentirem a vontade.

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